O vento soprava e tornava a manhã mais fresca. O Martim corria freneticamente atrás das folhas coloridas que o Outono trouxera. Os seus pés faziam barulhos crocantes nas folhas que permaneciam secas no chão.
De repente, um pequeno vulto saltou de cima de um ramo e quase lhe caiu em cima dos pés.
- Ai! - gritou o Martim, assustado. - O que é isto?
Era um esquilo de cauda fofa, olhos vivos e pêlo cor de caramelo. Estava ofegante.
- Desculpa, desculpa! - disse o esquilo, apressado.
Martim arregalou os olhos. Mas viu o esquilo tão aflito que lhe perguntou:
- O que se passa para estares nesse estado?
O esquilo olhou à volta, como se temesse ser ouvido.
- Perdi a bolota dourada - sussurrou. - A mais preciosa de todas. Sem ela, o bosque fica sem o brilho que o Outono traz.
Martim olhou em redor. O vento tinha parado. As folhas, que antes
dançavam, pareciam agora imóveis. Até o riacho parou de cantar.
- Então vamos procurá-la juntos! – disse o Martim com determinação. – Por onde começamos?
O esquilo endireitou-se e apontou com a cauda.
- Acho que a perdi no bosque para lá da colina.
- Vamos até lá então. - disse o Martim iniciando a aventura.
Enquanto o Martim corria o esquilo saltava de árvore em árvore. Quando chegaram ao bosque começaram a perguntar a todos os animais que encontravam pelo caminho. Perguntaram às garças, mas elas disseram que não viram nada e apressadas disseram:
- Nós também vamos embora para um sitio mais quentinho, voltamos na primavera.
Perguntaram à raposa, mas ela também afirmou que não tinha visto nenhuma bolota dourada.
- Se a tivesse visto tinha-a guardado para mim, mas agora estou mais preocupada em recolher comida para mim.
Junto ao riacho viram o sapo, mas ele também se estava a prepara para o inverno. Nem deu tempo para lhe dizerem sequer um olá saltando rapidamente para debaixo de uma pedra enorme.
O ouriço que se ia esconder na toca ainda parou para lhes dizer:
- Eu vi algo brilhante a passar mas não vi ninguém a levar, talvez fosse o vento.
- Impossível ter sido o vento. – disse o esquilo. – A bolota era pesada para o vento a levar assim tão facilmente.
Seguiram o caminho pelo bosque e tanto o coelho como o texugo disseram ter visto a bolota a passar sozinha e indicaram-lhes a direção.
O Martim e o esquilo seguiram freneticamente o caminho, até terem visto algo que brilhava perto da grande árvore. O esquilo tinha a certeza de que se tratava da bolota dourada. Correram até lá. O objeto resplandecente estava cravado no chão, o esquilo puxou e nada, parecia estar colado.
- O vento não ia colar a bolota ao chão, quem fez isto? – o esquilo estava verdadeiramente chateado.
- Deixa-me tentar. – disse o Martim.
Com alguma força o Martim puxou e puxou e a bolota por fim soltou-se do chão.
Os dois olharam para o pequeno buraco no chão, de lá estavam vários olhinhos focados neles. Eram formiguinhas que olhavam para eles com admiração.
- O que fizeram ao nosso abrigo? – questionaram as pequenas.
- Esta bolota não vos pertence. – disse o esquilo agarrando na bolota.
- Mas ela estava a proteger-nos para o próximo inverno, tapando o buraco do nosso abrigo. Não há outra como ela, pois ela é tão brilhante que indicará às nossas amigas formigas que foram buscar mais comida, onde estamos e para virem esconder-se aqui.
O Martim ficou apreensivo com as formiguinhas e o esquilo que abraçava a bolota também começou a ceder. A bolota dourada era muito importante para iluminar o bosque onde o esquilo morava, mas também importante para as formiguinhas.
A formiguinha ainda lhe disse:
- Porque não ficas a viver nesta árvore e assim estás perto da bolota?
O esquilo achou ótima ideia e rapidamente começou a tratar da sua nova casa.
O Martim ficou satisfeito por ter ajudado o pequeno amigo e despediu-se dele.
O vento começou novamente a soprar e a levar as folhas e o Martim correu atrás delas. Como são bonitas as cores do Outono.

Aventuras Contadas
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Criado por Angela Antunes